Gil Vicente
O auto da barca do inferno é
iniciado em uma local onde ha duas barcas, uma que levará ao céu, comandada por
um anjo e outra que lavará ao inferno, comandada pelo diabo. As pessoas que passarem
por ali serão julgadas e condenadas ao seu destino conforme os seus atos
praticados durante suas vidas na terra. As diversas personagens vão chegando
uma após a outra e tentam a todo custo entrarem na barca do céu, utilizando de
argumentos e artimanhas para enganar o diabo que está disposto a embarca-los a
todo custo. Passam por ali, o fidalgo, o onzeneiro, o parvo, o sapateiro, o
frade e sua amante, a Brisida Vaz, o judeu, o corregedor, o procurador, o
enforcado e por fim os quatro cavaleiros que lutaram em prol da causa cristã
nas cruzadas. Todos representam as instituições da época e papel exercido na
sociedade e são julgadas conforme o viés e princípios cristãos da época.
Na Farsa de Inês Pereira, Inês
é uma moça bonita e solteira, que sempre está se queixando dos afazeres
domésticos e busca no casamento uma forma de se livrar dessa vida. Ela idealiza
um homem educado, cavalheiro e que fosse capaz de lhe dar uma vida boa. Certo
dia, Lianor Vaz, uma casamenteira visita à casa de Inês para lhe dar a notícia
de um pretendente, Pero Marques, que é um homem rico, porém, sem traquejos
sociais, de imediato ela o rejeita, embora Pero seja um homem rico ele não
tinha bons modos. Inês então decide contratar dois judeus casamenteiros, Latão
e Vidal, que enfim lhe arranjam um casamento com Brás da Mata, escudeiro que de
início lhe apresenta bons modos de forma que a moça se apaixonasse. Após o
casamento, Brás impõe diversas restrições e a deixa trancada em casa, fazendo
da vida dela um inferno, conforme o tempo passa, seu marido parte para a guerra
e acaba morrendo covardemente. Pereira fica muito feliz com a morte do seu
marido, então Lianor volta a lhe oferecer o casamento com Pero Marques e ela
aceita. Com a liberdade que seu novo
marido lhe dava, ela parecia levar a vida que sempre sonhou, no entanto, chega
a sua casa um Ermitão pedindo esmola, ela o reconhece como um antigo namorado,
que supostamente só teria se tornado Ermitão por motivo do término com ela no
passado, ele então lhe propõe um encontro, e ela aceita. Inês pede para seu
marido que a levasse à ermida dizendo que iria por motivos religiosos, quando
na verdade iria se encontrar com o Ermitão, Pero Marques a leva nas costas e
ela vai cantando uma música alusiva a sua infidelidade .
Gil Vicente faz
uma crítica e satiriza certos costumes da época. Ambas as obras tem um conceito
muito parecido que é criticado por Vicente, e ainda se tornam muito atuais nos
dias de hoje, que é o homem voltado a fé. Ainda existe muita futilidade no meio
social, talvez até mais que na época. No Auto da Barca do Inferno, as diversas
personagens que constituem a obra são tidas como instituições sociais e, assim
como na sociedade atual ainda permanecem os mesmos maus costumes
que Gil relatou em suas peças, assim como, a corrupção inserida no meio
jurídico, o uso da lei para benefício próprio e, na Farsa de Inês Pereira, o
casamento como meio de negócio e sustento. O autor satiriza e futiliza as ações
expondo as personagens ao ridículo, como no caso do judeu que aparece nas duas
obras se utilizando de artimanhas e
fazendo desuso da fé.
Resenhado pelo
graduando: BOAZ MAURO SANTOS, do curso de licenciatura em letras, da Faculdade
de Formação de Professores da Mata Sul – FAMASUL. E-mail:
boaz.mauro@hotmail.com
Conhecido e tido como um dos grandes nomes da literatura portuguesa no seculo xvI,Gil Vicente, também ator,músico e escenador,pai do teatro português e através de suas obras vicentinas (o reflexo da mudanças da Idade média até o renascimento). Dentre suas obras,voltadas às situações vividas na época,que perduram até os dias atuais. O auto da barca do Inferno e A Farsa de Inês Pereira, trazem narrativas da época,onde em O Auto da Barca do Inferno,em um porto( mundo espiritual) existem duas navegações,que servem como espécie de julgamento quanto a vida terrestre. A barca conduzida pelo anjo,encaminhava alguns personagens ( alegóricos) personagens que representam alguns grupos sociais,os conduzem ao céu,ou seja,"o paraíso" já a embarcação,comandada pelo Diabo e seu ajudante,os conduz ao inferno. As personagens já teriam seus destinos traçados ali nas embarcações. Em (A Farsa de Inês Pereira) a narrativa trás a vida de uma jovem moça solteira,que busca no casamento,uma possibilidade de fuga de sua realidade eram os trabalhos domésticos na casa de sua mãe,o texto trás alguns personagens que apresentam e marcam encontros com pretendentes que tinham ou fingiam ter caráctristicas simpatizantes e idealizadas por ela. Casou-se, sofreu,ficou viúva,casou-se novamente agora desfrutando da vida que ela sempre sonhou... Reencontrou um amigo,que foi um antigo namorado,que entrou no mundo religioso,por não ter seu amor correspondido. Marcaram um encontro troca,e ela foi em nome de um evento religioso,sendo atravessada nas costas de seu esposo,na travessia de um rio,o de cantava músicas que exclamava sua infidelidade. O autor Gil Vicente,trás nas obras citadas,situações da época ,através de personagens que viviam de fato asquelas realidades,e tais práticas nos dias de hine ainda contecem.no meio religioso: O Auto da Barca do Inferno ; nos conflitos sociais: A Farsa de Inês Pereira.
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