Poetas


AMANDA ARAÚJO

Por Karina Manuela, aluna da FAMASUL do curso de LETRAS II




     Amanda Araújo, nascida em 16 de Junho de 1997 no Distrito Federal, é uma jovem poetisa que atualmente reside na cidade de Tamandaré, localizada no interior de Pernambuco.
    O gosto em escrever poemas foi despertado ainda na infância quando estava no 4º ano do ensino fundamental e como consequência, teve algumas de suas produções publicadas no livro “Dando asas a Imaginação”, lançado pela escola onde cursou todo o fundamental.  Amanda terminou seu ensino médio na EREM Tamandaré, a única escola estadual existente na cidade. Em seguida, iniciou os estudos na FAMASUL (Faculdade de formação de Professores da Mata Sul - Palmares) onde cursou Letras até o 3º período, pois através de uma seleção, migrou para a Universidade Federal de Pernambuco onde se mantém na mesma modalidade, entretanto á distancia.

   Ainda na FAMASUL, a jovem conheceu a Poesia Absoluta, o que instigou ainda mais a paixão por esta forma enigmática de se fazer poema. 


IN SOBRIEDADE

Rasgado como um véu
Em véspera da noite de núpcias
Vagando descansado
Ouvia a beleza da lua
Com vinho da saliva
E álcool na alma
Sentia a voz da sua amada
Tocava as palavras nas sílabas
Da relva verde à açucarada
Consumindo odores
Velejava no chão
Subia mares
Com voz fraquejada
Tomava mistérios consumados
Inauditos na sombra oriental
Voava nos cantos
Encantava-se no mal
Sorria com velório
Viajava ardente e petulante
Açoitava gemidos infames
E chorava no natal
Como rédea que não tinha
Caminhava a deriva
De um magnânimo espinhal.


ESTRADA

Das luzes que zumbia
Na claridão devastada
Soava tristeza e assumia
Que naquela breve estrada
Nada se tinha
Ninguém o fazia
Tudo se achava
E aprecia horrendo
Ouvir aquelas omissões
Que flertavam com suspiro
De quaisquer indagações
Sorri com os olhos
Naquele breu descumunado
Só restava a solidão
De um coração descolorado
Queira Deus que seja apenas impressão
Pedia
Suplicava
Porque das luzes que zumbia
Um leve sopro me dizia:
Nenhuma vinha da estrada.


A PERPÉTUA ROSA

O cacto macio das tuas mãos laminando meu rosto
Não escondia contigo
O vale já desvalido
De um efêmero amor
Das coisas mais viciosas
À perpétua rosa
Que vazia quebrou
Tomou consigo a explosão
De um aconchego falido
Se foi na mansidão
Não ouviu-se grito
Matou a ternura
Engoliu a doçura
Cometeu um delito
Tirou a máscara
De um violino afinado
Arrancou-lhe as cordas pela cintura
Desafinou a pálida secura
Compôs um breve ensaio
De longe fascinador.


RAÍZES

Nas raízes dos teus olhos
A saciez do morcego
Na estante
As lâmpadas sombrias
No solo
As líneas cores
Como uma praga junto ao pescoço
Tu atormentas com teu ensejo
E como raio vem acalentar
Em meio a tantos cordões de dores
Não sabes tu a confusão que mortifica?
Albergues ancoram as tuas falácias
Ledo engano que paralisa
Nas raízes dos teus olhos
Impregnam a cor cereja
A raiz do teu olho camufla
A flor que te apedreja.


LEVIANA ALÇADA

Reli teus desejos
E mantive-me afiada
Se um dia tu chegares
Com esse olhar camuflado
Conhecerei de breve
Tua leviana alçada
O formidável ensejo
Do toque relâmpago
Que voa com sutileza
Ao leve ouro que tu tanto almejas
Conhecerei os teus olhos
De linhaça amarga
Que enlaça a moça
Mantenho-me afiada!
Se um dia chegares irei eu contigo
E conhecerei desta vez
Teu real abrigo
Os teus olhos que já vejo de longe
Contemplando as flutuosas lentes
Enganam a pele
Massageiam a alma
Mas vejo de longe
Porventura
A breve falta que camufla
A tua leviana alçada.


LUARANDO

Entre tantos orvalhos que caem
Toca-se prateados sonetos
Da flor que erradia arte
Velhos sons de amuleto
Na solicitude da belíssima luz
Ouvi truques de aprendiz
Sentia na pele que seduz
Rabiscando o vento de giz
Soberano encanto
Que se vale dos vales
Amarelo amianto
Verdejante sol da tarde
Aluando sua claridão
No verdadeiro mistério da flor
Aconchegando-se na escuridão
Recolheu douradas faíscas de calor.

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